quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM ÚLTIMO DISCURSO PARA O FIM DE UM CURSO DE GESTÃO DE POLÍCIA


        E então se estabeleceu uma relação mais afinada com o pensamento de gestão de políticas públicas como se aquilo fosse novo. Desta maneira, imaginar que o mundo muda e que isto nos afeta diretamente talvez não seja só uma dolorosa necessidade de reflexão, está adiante disto, é uma dolorosa necessidade de adaptação na medida em que se deve reaprender. Assim, alguns se sujeitaram à dor. Alerta-se para o momento especial de estar em uma Escola e perceber que toda e qualquer mudança ocorre a partir do Ensino.
       Para tanto se propôs, num ímpeto de idealismo, que se deveria tratar de uma repactuação, algo como um resgate à cidadania corporativa para o bem da Organização, porém haveria uma cruel, mas inexorável, exigência: de enfrentar as zonas de sombra da própria cultura corporativa. Bem ou mal se chegou a uma Carta de propostas e os primeiros efeitos foram os questionamentos, as ideias (ora do choque das pedras surgem faíscas) e, ao fim, se interpretou a organização ao seu tempo e espaço. Frisa-se ainda por mera constatação, nada mais petulante do conhecimento mau utilizado.

       Escreveu-se, certa feita, sobre a temporariedade da ordem pública num texto chamado DANIEL FOI PRESO POR FALAR ALEMÃO (http://www2.forumseguranca.org.br/node/24022), onde era descrita a prisão, na década de 40, de um cidadão que foi surpreendido falando alemão (plena 2ª Guerra Mundial). Ali esta plasmada exatamente esta necessidade de compreender-se o ambiente, as organizações e o seu tempo. Mas isto passou, porém não se deu conta que, pela incapacidade de compreender o mundo, Danéis poderiam continuar sendo presos. Num rumo (em uma relação metafórica) semelhante ao encontrado no livro A Questão do Estado no Coração do Futuro (Calame e Talmant) onde nos é lembrado que os dinossauros pereceram por não se adaptarem às mudanças do mundo. Ou seja, é o destino marcado para uma organização policial (que nada mais é senão o reflexo de seus gestores) que não soube se despir de preconceitos, individualismos e idéias surradas e continua a “prender pessoas por falarem alemão”.


       Encerra-se, portanto, o ciclo da entidade transcendental sobre quem recaía o dever de resolver os problemas vividos. Não há mais espaço para transferir ao outro, o protagonista é o profissional em seu espaço, contudo, se há demasia na responsabilidade, o problema ainda é de todos e principalmente teu. Eis o problema posto e lembrem-se de Mário Quintana dizendo que o Problema do teu Problema é que ele é só teu, porém isto não quer dizer que não possa ser resolvido compartilhadamente. Diante da profunda necessidade de novos conhecimentos e práticas, acredita-se que para nós medianos profissionais reste dar espaço para o novo.

        De toda sorte, ainda se conseguiu vivenciar as relações em fronteira entre países nesta caminhada. Isto foi fundamental para se perceber o efeito da transposição em nossas vidas. Quando ultrapassamos fronteiras, transitamos pela angústia do desamparo em um espaço diferente, logo em seguida, nos damos conta que as relações de cidadania se mantém mesmo ouvindo uma língua diferente. Fomos e voltamos renovados e com uma lição nos olhos: não podemos subestimar, pois há muita coisa para conhecer e respeitar. Assim, retorna-se ao resgate da cidadania institucional ao falar de fronteiras e de relações humanas, para tanto, oferta-se aos corações idealistas as palavras do Gaucho Martín Fierro (de Jose Hernandez):


Los hermanos sean unidos
Esa es la ley primera
Tengan unión verdadera en cualquier tiempo que sea,
Porque si entre ellos pelan los devoran los de afuera.


Erfolg (sucesso) aos que permanecem e às novas ações públicas.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

1º WORKSHOP GROTIUS COOPERAÇÃO NAS FRONTEIRAS - 2º DIA

             No segundo dia dos trabalhos uma questão importante direciona os debates em torno da cooperação em entre os países: A América do Sul está preparada para os avanços jurídicos necessários para aperfeiçoar as relações em fronteira?

            Na verdade o respaldo jurídico constante na Convenção Interamericana, Protocolo de São Luiz e Protocolo de Ouro Preto passam a orientar decisões nas relações transfronteiriças.

            Importante destacar que as posições dos palestrantes conduzem à construção de um sistema composto por entes que convergem para a resolução de conflitos em áreas de fronteira, de forma a integrar e manter um sólido canal de comunicação. Não se pode pensar em avanços nesta área mantendo-se as instituições isoladas.

            As soluções, então, passam pela aproximação dos profissionais através de reuniões periódicas; treinamento e um profundo debate em torno da própria legislação brasileira sobre as relações com os Países vizinhos diferenciando as exigências estabelecidas para países fora da América do Sul.  

            As conclusões, na esfera de Defesa e Segurança Pública, direciona-se para um importante aspecto: o sucesso dos esforços em fronteira somente ocorrerá com avanços estruturais para as comunidades da fronteira, ou seja, não é suficiente a repressão ou a ocupação preventiva, necessita-se dar condições renda para estes cidadãos para que não sejam cooptados pelo crime organizado.

             De forma sucinta foram trazidos estes aspectos, porém a importância deste evento, do Ministério da Justiça, está na percussão de uma série de iniciativas conjuntas neste tema, já encaminhando-se outro encontro para o ano de 2012. Deixo o testemunho, das conversas informais do grupo de trabalho, que houve uma provocação para produção de uma atitude proativa nos espaço de competência dos profissionais para busca de soluções locais, independentes do que possa advir nas mudanças futuras da legislação. 

             

             

          
             

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

WORKSHOP GROTIUS COOPERAÇÃO EM FRONTEIRAS - 1º DIA

                Ocorre em Brasília o 1º Workshop Grotius Cooperação em Fronteiras (05 e 06 de dezembro). Uma iniciativa do Ministério da Justiça através da Secretaria Nacional de Justiça. No primeiro dia de palestras e debates algumas conclusões que reforçam os esforços já em andamento para as regiões de fronteira: 1) o Fundamento para as iniciativas governamentais nas relações fronteiriças está no respeito à dignidade humana pela contínua promoção das garantias individuais através do acesso internacional à Justiça; 2) A ordem jurídica global é baseada na cooperação; 3) A Integração exige o reconhecimento das decisões jurídicas de outros países. 
                   Algumas das propostas apresentadas:

- Forças Tarefas Interinstitucionais,
- Redes de Cooperação,
- Cooperação entre as Polícias e entre os Ministério Públicos dos Países Vizinhos,
- A Inclusão de Disciplinas, nos cursos de formação, voltadas às relações internacionais.
 - Os órgãos públicos, cuja responsabilidade abrangem relações com países vizinhos, devem estabelecer canais de comunicação com órgãos afins nestes países.
                                               

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PESQUISA DE VITIMIZAÇÃO

A organização Ciudad Nuestra ( Lima, Peru) desenvolve um espaço de convergência entre governo e sociedade objetivando a segurança cidadã, mobilidade urbana, dentre outros pontos.  

A Organização tem apresentado importantes trabalhos como :

Primera Encuesta Metropolitana de Victimización 2011 - Lima

http://www.ciudadnuestra.org/primera_encuesta_metropolitana_de_victimizacion_2011__lima.html



Exemplos que qualificam as políticas públicas e demonstram a capacidade de coalizões entre os setores público e privado.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PRODUCTION ENGINEERING AND PUBLIC POLITIC MANAGEMENT OF SECURITY




The social transforming demand changes in the models of public administration affecting too, the public politic management of security. This requirement finds in Production Engineering elements capable to support to this reality. The present work, based on the bibliography research, brings to the reflection the incorporation of the Production Engineering to the Public Administration, specifically at the administration of the service of the police.  Because of the large area of applicability  was chosen to direct the study to quality management with the creation of parameters for measuring performance in the public service provision.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

DOS MITOS E DA DECADÊNCIA DE UMA INSTITUIÇÃO POLICIAL






            Um termômetro interessante para medir a fase descendente de uma polícia é analisar a sua dificuldade:  
[...] de reavaliar sua fronteira com o ambiente, o que implica em mudar valores, crenças e estratégias; aceitar e reconhecer novas informações, dados e experiências, tanto do público interno quanto externo, que poderiam fornecer os subsídios para a mudança. Ziemer (1996, p.25)

             A adaptação a um ambiente complexo  precisa ter como nascedouro a percepção da transição das caracteristicas de organização autocrática, tido como superado, para um modelo sistêmico, apresentado como de possível atendimento às necessidades do ambiente interno e externo  ( ZIEMER, 1996):
 - AUTOCRÁTICA : centralizadora, política, busca relações de poder, carreirismo, baixa auto-estima determinando o isolamento, os fins justificam os meios;
- SISTÊMICA: descentralizada, meritocrática; busca parcerias, democráticas, decorrente da auto-estima e valorização pessoal; promoção é consequência de mérito e reconhecimento coletivo; comportamento autônomo, criativo, sintonizado com a visão estratégica da organização; organização aberta ao ambiente externo; ética: os meios são indissociáveis dos  fins.  
          Nesta concepção, ocorre do enfrentamento dos mitos disfuncionais: que envolvem o distanciamento entre o que se fala e o que se faz; encobrimento de problemas, vinculação de mitos com uma possível perda de identidade, a suposição de que não há soluções, a força de mitos pessoais de profissionais mais antigos.   
           A questão, desta forma, está na iniciativa de transformação na organização policial que pode ocorrer de três formas:
                      - Iniciativa política ( externa );
                      - Iniciativa da própria organização;
                      - Iniciativa conjunta da liderança política e institucional.
           As formas de mudança, que envolvem os mitos da organização, são classificadas em:
                      Analítica – utilização de um modelo já testado, realizado de forma unilateral;
                      Participativo –utiliza a investigação empírica e no consenso de grupo;
                      Imperativo – mudança pela ação da liderança com base na autoridade;
                        Emergente- advém da criação ou aceitação de uma nova idéia originária de um líder  ou um grupo.
                   Então, a pergunta é:  qual o momento para adoção de um novo modelo de gestão e a revisão de processos?

ZIEMER, Roberto. Mitos Organizacionais. São Paulo: Atlas, 1996.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

NOVO CONCEITO DE SEGURANÇA PÚBLICA EM ÁREA DE FRONTEIRA





Operação Policial realizada na fronteira do Brasil com o Uruguai e Argentina, no Rio Grande do Sul, foi lançada na localidade de Edelira 21 no Paraguai. Apesar o Paraguai não ter ligação territorial com o Rio Grande do Sul está a 90 quilômetros da fronteira do Brasil com este estado. Esta adesão do Departamento de Itapua apresenta um um avanço na política de segurança para fronteira no Estado do Rio Grande do Sul.


A Secretaria de Segurança Pública e a Brigada Militar estabelecem um novo conceito para a Segurança em Área de Fronteira materializado pela 18ª Operação Simultânea que atendeu 650 mil pessoas nos municípios da linha de fronteira nos dias 22, 23 e 24 de setembro. O diferencial é a estratégia de aproximação com os países vizinhos articulando ações simultâneas voltadas a coibir delitos transfronteiriços e o fortalecimento de canais de informação. Nesta edição houve a participação da Polícia Nacional do Paraguai, sendo considerado um marco nas relações entre os Órgãos de Segurança. Esta participação deve-se a importância estratégica daquele país para a segurança pública regional. A Eficácia em ações de fronteira leva a pensar em redes de segurança nestas regiões, exigindo a integração contínua entre os mais diversos atores inclusive internacionais. Também participaram da Operação os estados do Paraná e Santa Catarina

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

AÇÃO DE COMANDO É DIFERENTE DE AÇÃO DE COOPERAÇÃO





A experiência de controle do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro em 2010, demonstrou um conceito a ser definitivamente incorporado em ação de segurança pública : as ações de cooperação.

Reunir de forma contínua distintas áreas e órgãos de governo é um avanço que, principalmente, em seguraça pública cria um marco emblemático : as ações de comando, utilizadas até então, dividem responsabilidade, ações de cooperação associam competências.

Além do mais, estas definições possuem estreita relação com os conceitos relacionados às políticas públicas. Portanto, lembremos que a importância de diferenciar-se Política de Segurança de Política Pública de Segurança  Política pública de segurança tem a ver com  decisões e de medidas tomadas pelo nivel político legítimo de forma a mobilizar as instituições de segurança e de outros parceiros públicos e privados, para um fim comum: respostas ao fenômeno da insegurança. De maneira mais restrita entede-se políticas de segurança pública como a atuação policial em ‘strictu sensu’.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

GESTÃO DE POLÍCIA

Tão importante quanto a qualidade de gestão é um orçamento estabelecido, o administrador de polícia deve ter a sua disposição qual a expectativa de recursos para seu trabalho. Hoje somos gestores sem orçamento.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

GESTORES PÚBLICOS DESCARTÁVEIS

Alvin Toffler conseguiu apresentar elementos significativos sobre as tendências tecnológicas mundiais. Refere-se às mudanças aceleradas e a descartabilidade. As ondas de conhecimento também produzem mudanças que afetam os profissionais. A lição que devemos ter presente, portanto, refere-se à sua previsão de 1970 em que dizia que  * Os analfabetos do século 21 não serão aqueles que não conseguem ler  e escrever, mas sim aqueles que não conseguem aprender, desaprender e reaprender* . Ao Gestor Público cabe a contínua fuga da zona de conforto para se readequar aos anseios sociais, ou se tornará descartável  pela incapacidade de reaprender, exigência natural da nossa realidade.

Toffler, Alvin. Choque do Futuro. Ed Artenova. 1972

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Divulgação - Manual de Policiamento Comunitáro - NEV - USP

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   Está disponivel no site do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo o Manual de Policiamento Comunitário.


Resumo ( contido no Site )


O policiamento comunitário, hoje em dia, encontra-se amplamente disseminado nos países economicamente mais desenvolvidos. Sem dúvida isso é uma conquista desses países, pois essa é a forma de policiamento que mais se aproxima das aspirações da população: ter uma polícia que trabalhe próxima da comunidade e na qual ela possa crer e confiar.
Acreditar e confiar na polícia são considerados elementos essenciais para que a polícia possa ter legitimidade para aplicar as leis, isto é, para a polícia ser percebida pela população como tendo um direito legítimo de restringir comportamentos, retirar a liberdade de cidadãos e, em casos extremos, até mesmo a vida.
Sem a colaboração do público, a polícia não pode melhorar seu desempenho e essa colaboração exige confiança. A experiência tem demonstrado que o policiamento comunitário é um caminho seguro para se reconstruir a confiança e credibilidade do público na polícia.
Este manual tem como objetivo mostrar os passos básicos para se realizar o policiamento comunitário. Através do relato de três experiências realizadas em diferentes Estados brasileiros será demonstrado como a população e a polícia podem trabalhar juntas.

http://www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_content&task=view&id=2209&Itemid=96

terça-feira, 2 de agosto de 2011

POLÍCIA E TEATRO: DO BRICOLEUR À MEDIAÇÃO EFICAZ

      Pensamos em ir além, explorar a potencialidade de profissionais e criar opções de prevenção. Então chegamos ao teatro. Extrema ousadia, perspicácia na percepção do momento.
Teatro permite a mediação de referência, linguistica, institucional, contextual e pessoal ( A escola no Teatro , de Taís Ferreira. Editora Mediação). É ferramenta de reflexão levado à comunidade e o é, também, para reavaliar procedimentos do grupo de profissionais da Organização.

Há infinitas conexões entre quem realiza e quem assiste, assim, nos aproximamos e perguntamos: O que há por trás da cortina? Da nossa cortina!

Com o teatro, policiais atores superam a invisibilidade da farda, sentem-se partícipes da transformação. Policial-ator-docente, um Bricouleur. Na teoria de Levi-Staruss, bricouleur é um artesão, que na limitação de materiais, cria, reagrupa e constrói. Na verdade produz uma nova estratégia. Na ação não há necessariamente uma lineridade, há o aproveitamento de oportunidades para efetivar um objetivo. A bricolagem diz do espaço cultural da Organização. Está alinhada com a inovação, com a transformação, dentro dos restritos recursos disponíveis. Fazer polícia também é bricolar. É buscar articulação, com talento, superando as limitações e agregando conhecimentos. Eu bricolo, tu bricolas....... Eu crio, tu inovas, nós transformamos.

Sérgio Flores de Campos Tenente Coronel-Brigada Militar - RS
Projeto Brigada em Cena

http://brigadaemcena.blogspot.com/
http://fronteirasetransformacoes.blogspot.com/
Artigos vinculados-
http://www2.forumseguranca.org.br/content/ser-pol%C3%ADcia-n%C3%A3o-%C3%A9-f%C3%A1cil
http://www2.forumseguranca.org.br/content/gest%C3%A3o-de-criatividade-e-inova%C3%A7%C3%A3o-uma-ferramenta-em-seguran%C3%A7-p%C3%BAblica

Daniel foi preso por falar alemão

Recuperei um livro de registro de ocorrências da Brigada Militar ( Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul) datado de 1938. Nele constava a prisão do agricultor Daniel S. por falar o idioma alemão (preservo o sobrenome), destaco que o cidadão preso era de origem russa. Utilizo este parâmetro histórico pensando naquilo venhamos a planejar perante a ordem pública e, consequentemente, as políticas públicas de segurança para atender a sociedade atual.

Assim, trago esta reflexão diante expectativa criada pelo foco em Gestão dado por Governos e instituições no Brasil. Analiso-o, despretensiosamente por não o conhecer em profundidade, restringindo-me à gestão interna. Esta proposta traz uma lógica diferenciada para  atuação profissional em uma sociedade caracterizada pela conectividade, redes e antagonismos. Parte da eficiência e chega à efetividade (o impacto da ação pública). Pressupõe como base a superação de fronteiras pessoais e institucionais, como ilustra Edgar Morin ao tratar da inteligência cega, quando não se potencializam as competências e qualidades, ou ainda, a ética mecânica do burocrata, exposta por Zygmunt Bauman: “Isto não é comigo!”.

Os novos modelos de gestão são um produto da participação mais vigorosa da sociedade nas decisões políticas, cristalizado pelo Relatório sobre a Governança Global da ONU. Além do mais, a modernização da administração pública tem estreita ligação com sua própria legitimidade, conforme encontramos no livro A Questão do Estado no Coração do Futuro (Calame e Talmant) onde nos é lembrado que os dinossauros pereceram por não se adaptarem às mudanças do mundo.

A gestão da Segurança Pública deverá ter suporte em estratégias que estabeleçam propostas de vanguarda, alianças e excelência de gestão, incorporadas pela cultura profissional. Ou seja, tanto na repressão ou prevenção a administração terá de agregar conceitos como inovação, accountability, gestão da qualidade e do conhecimento, análise de processos, qualidade de vida dos funcionários, em suma, uma gestão calcada, “pasmem”, em áreas como a Engenharia de Produção. Porém, isto somente terá efetividade através de uma mudança da cultura de gestão percutida pelo compromisso direto dos comandos e chefias.

Então, respeitando os pseudos céticos, modernizar é preciso, seja acolhendo uma nova proposta ou apresentando alternativas com um suporte de conhecimento ao nível da complexidade social, caso contrário vamos continuar a prender “Daniéis”. Contudo, se não for ele o preso, desejo erfolg (sucesso) às novas ações públicas.


SÉRGIO FLORES DE CAMPOS
http://www2.forumseguranca.org.br/content/daniel-foi-preso-por-falar-alem%C3%A3o

terça-feira, 21 de junho de 2011

MODELOS DE GESTÃO: ACCOUNTABILITY, SERVIÇOS E RESULTADOS


Diante da preocupação do Governo Federal (  Câmara de Gestão ) e também com as práticas em andamento no Estado de Minas Gerais, percebe-se uma tendência de modernização da gestão pública e a quebra de paradigmas. Assim, esta se elegendo o cidadão como foco de serviços e o  acompanhamento por indicadores de desempenho. O que parece simples é na verdade um novo parâmetro que exigirá uma modernização no pensamento burocrático de nossos gestores, que terão de conhecer e aplicar ferramentas gerenciais a partir de estratégias e planejamentos definidos pelo Estado. Determina, portanto, a busca de resultados e um forte compromisso com o impacto das ações implementadas e sua continuidade. Esta responsabilização – accountability- aproximará e exporá o gestor à comunidade. Novos modelos – nem tão novos – estão chegando, então se falar de  6 Sigmas, LEAN ,Ciclo de Demming – PDCA, Benchmarketing, dentre outros, não é mais firula rasa é necessidade. Este novo pensar trará um impacto importante na gestão de políticas públicas de segurança, também. Afinal, foi-se o tempo de pirotecnias, a sociedade quer resultados.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ANIMALES NO JUSTIFICAN UNA POLITICA DE SEGURIDAD EN LA FRONTERA

Tendremos que luchar con las consecuencias (accountability) cuando elegimos prioridades para el desenvolvimiento de una política pública. Es así que en el trato de las, no se pude optar, por ejemplo el abigeato como fundamento de una política de seguridad pública. Se debe si, escoger la calidad de vida de las personas que residen en el espacio fronterizo, para entonces, aproximarse al delito. Fronteras son más complejas que un único tipo de crimen. En Rio Grande Do Sul la Frontera Noroeste está apenas a 80 quilómetros del Paraguay (una ruta conocida del tráfico y contrabando), São Borja y Uruguayana merecen la atención por la cantidad de robos y hurtos de vehículos y cargas, amén de de otras transgresiones significativas.
Por otro lado, gestión de seguridad pública en frontera, no debe elegir al País vecino como amenaza, por el contrario, deberán ser aliados, veamos: En la Provincia de Misiones (Noroeste de RS)  son aprehendidas en media cerca de 15 toneladas de marihuana por año, gran parte que entra al Brasil (o sea, la primer línea de defensa de la frontera brasilera son las fuerzas de seguridad de la Argentina).

Rio Grande do Sul posee 1200 Km de frontera con la Argentina y 1000 Km con el Uruguay, esto exigiría como mínimo 2 (dos) Centros de Cooperación Institucional de Seguridad para el desenvolvimiento de acciones conjuntas. Sin olvidar, evidentemente, que la realidad de gestión de seguridad pública en áreas de frontera impone un nuevo modelo: no es una acción de comando, es una acción de esfuerzos, siendo así la gestión horizontal (el gestor de seguridad estará preparado?)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ANIMAIS NÃO JUSTIFICAM UMA POLÍTICA DE SEGURANÇA EM FRONTEIRA


Teremos que arcar com as consequências ( accountability ) quando elegemos prioridades para o desenvolvimento de uma política pública. Assim, no trato de fronteiras, não se pode escolher, por exemplo o abigeato como fundamento de uma políticas de segurança pública. Deve-se, sim, escolher a qualidade de vida das pessoas que residem no espaço fronteiriço para, então, chegar-se ao delito característicos de cada região. Fronteiras são mais complexas que um único tipo de crime. No Rio Grande do Sul a Fronteira Noroeste está apenas a 80 quilômetros do Paraguai ( uma rota do tráfico e contrabando ), São Borja e Uruguaiana possuem atenção com o roubo e furto de veículos e cargas, além de outras ocorrências significativas.

De outra sorte, gestão de segurança pública em fronteira, não deve eleger o País vizinho como ameaça, ao contrário, são aliados, vejamos: na Província de Misiones ( Noroeste do RS) são apreendidas em média 15 toneladas de entorpecentes ao ano, parte entra no Brasil  ( ou seja, a primeira linha de defesa das fronteiras brasileiras são as forças de segurança da Argentina). Políticas de Segurança Pública devem ser "em fronteiras" e não "de fronteiras", pois sugerem aproximação e não segmentação.

O Rio Grande do Sul possui 1200 Km de fronteira com a Argentina e 1000 Km com o Uruguai, isto exigiria no minimo 02 centros de cooperação institucional de segurança para o desenvolvimento de ações conjuntas. Sem esquecer, evidentemente, que a realidade de gestão de segurança pública em área de fronteira impõe um novo modelo : não é uma ação de comando, é uma ação de esforços conjuntos e coordenados, assim, a gestão é horizontalizada ( os gestores públicos estão preparados?)


quarta-feira, 8 de junho de 2011

AFIANDO O MACHADO

Não há possibilidade de melhoria em Gestão de Segurança Pública sem que os Comandos e Chefias parem, olhem e escutem suas Organizações. É necessário que parte da agenda das lideranças esteja direcionada ao trato da Cultura Organizacional.

sábado, 4 de junho de 2011

VANT (Unmanned Aerial Vehicle -UAV) EM AÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA

    O investimento em torno de aeronaves não tripuladas para aplicação em segurança pública vem abrir um novo espaço de debate para a regulamentação especial de tecnologia para esta área junto ao Governo Federal. Ou seja, hoje a tecnologia de aeronaves não tripuladas é  tema de Defesa regulada pela Circular de Informações Aeronáuticas Nr 21, do  Departamento de Controle do Espaço Aéreo, de  23 de setembro 2010. Além de regramento na Circulação Aérea Geral do Comando de Defesa Aereoespacial Brasileiro.    O uso tático do equipamento, deve-se ressaltar, estaria limitado a corredores que não causem risco à população, em razões de protocolos de segurança.

BACIA DE DRENAGEM INTERNACIONAL UM OLHAR ESTRATÉGICO PARA FRONTEIRA DO SUL DO BRASIL

Uma bacia de drenagem internacional define-se como uma área geográfica que cobre dois ou mais países, em que as águas de superfície e as subterrâneas acabam por desembocar num ponto final comum. Assim os estados federados, províncias e departamentos devem cooperar para evitar danos a jusante. Isto requer um projeto de cooperação coordenado capaz de trazer investimentos Internacionais. As instituições de segurança pública pela capilaridade e capacidade operacional podem se transformar nos mediadores locais e regionais desta estratégia. Políticas públicas relacionadas ao meio ambiente são capazes de mover Nações.

Princípio da Subsidiariedade em Segurança Pública

O Princípio da Subsidiariedade nasce com a União Europeia e é explicado tanto pela soma como integração de esforços. Na verdade, traz um cunho de defesa de interesses pela potencialização da capacidades.  
Este princípio, aplica-se decisivamente tanto nas políticas públicas de segurança, quanto nas políticas de segurança pública propondo a atuação conjunta, gestão em rede, potencialização de competências e meios focados no bem comum.

Características :


1) parcerias locais são mais eficazes;

2) Atuação conjunta

3) potencialização de competências e meios

4) Foco no bem comum

5) Propõe a conciliação de interesses do Estado e da Sociedade.

O PENSAR ESTRATÉGICO E O DESEMPENHO POLICIAL

Estabecendo como foco o serviço na condução estratégica de um Órgão Policial teremos que aproximar de modelos como Slack e Sink e Tuttlle (1) , ou seja, considerar que a ação de polícia é um serviço e assim caracterizá-lo, ainda, que não há como avaliar este serviço apenas pela eficiência, devendo-se chegar à eficácia e efetividade.
Especificamente no trato do desempenho organizacional, que nada mais é do que o resultado do serviço realizado, devem ser apreciados:

- Indicadores Estratégicos

- Indicadores de Produtividade ( relação recursos e eficiência )

- Indicadores de Efetividade ( impacto do serviço )

- Indicadores de Qualidade

- Indicadores de Capacidade



2. PROPOSTAS

Desde a evidente necessidade de se vivenciar um Plano Estratégico passa-se a apresentar propostas de caráter estrutural e motivacional utilizando-se como parâmetro a efetividade do serviço de polícia.

a. Estabelecer como prioridade na Corporação a medida de efetividade do serviço;


1) Cria um compromisso com o resultado das ações, determinando, por exemplo que projetos tenham espaço específico de duração e efetiva conexão com os propósitos institucionais.

2) Não permite espaço para iniciativas oportunistas descompromissadas com o resultado junto à sociedade;

3) Elimina a simplificação nos métodos gerenciais.


b. Criar um DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO , permitindo a inserção da Corporação na realidade tecnológica contemporânea. Sugerindo-se desde, já, a aplicação de metodologia CommonKads para a indicação das melhores opções do sistema de conhecimento pretendido.

c. Reformulação dos Conteúdos dos Cursos de Formação agregando Disciplinas como:

1) Mediação – ao Curso Básico;

2) Língua espanhola aos policias empregados em área de fronteira – aos Cursos Básicos e Médios;

3) Tecnologia da Informação – aos Cursos de oficiais

4) Gestão do Conhecimento – aos Cursos de oficiais

5) Tecnologia de Gestão - aos Cursos de oficiais

6) Gestão Tecnológica - aos Cursos de oficiais


d. Criar um centro de sistematização da produção científica corporativa

e. Criar o Programa de Qualidade da Corporação , estabelecendo a devida certificação interna e em seguida a externa. Em decorrência disto, premiar as iniciativas de gestão independente do grau hierárquico.

f. Criar o Prêmio Anual de Inovação buscando reconhecer as iniciativas relacionadas à prevenção e repressão imediata que concretizem-se como projeto ou programa regular, ou seja, tenham apresentado resultado.

g. Criação de Especializações Estratégicas através da inclusão de profissionais das áreas da Engenharia de Produção e Ciências da Informação.

h. Estabelecer estudos de impacto relacionado ao custo benefício nas seguintes áreas:

-Pessoal – contratação de funcionários civis para trabalhos administrativos ( O custo de formação é menor do que de um policial ).

-Processos de policiamento – relacionado ao policiamento montado.

- Ciclo completo de polícia –

 
(1) SLACK, Nigel et al. Administração da Produção. São Paulo Atlas.2007

SINK e TUTTLE. Planejamento e Medição para a Performance.Rio de janeiro. QualityMark.1993.




Gestão Em Rede - Tendências em Segurança Pública

 Com base em Goldsmith  ( Governar em rede: o novo formato do setor público. Brasilia:ENAP, 2006) apresenta-se um modelo de gestão adequado à pós-modernidade.

 O modelo hierárquico de gestão pública ( seja procedimento de comando e controle, alto grau de restrição de trabalho, cultura e modelos operacionais introvertidos) era que servia para um mundo de transformações mais lentas está definitivamente em cheque. Observemos as ações terroristas, catástrofes e organização criminosa transnacional isto é organização em rede, consequentemente exige uma rede de operadores capazes de agirem conjuntamente sob o suporte fundamental de um sistema de comunicação capaz captar, analisar, transformar e agir ( perpassando agências públicas e privadas) com velocidade, custo e escalas até então impossíveis de serem pensadas. Este é um novo, nem tão novo, modelo a ser vivenciado. Óbvio, isto afeta as identidades e isolamentos corporativos, isto exige lideranças com um novo pensar de gestão. 

TENDÊNCIAS :

 1- trazer parceiros para qualificar os serviços ( Universidades, empresas de tecnologias, logistica)

2- unir gestão horizontalizada ( parcerias ) com gestão verticalizada para alinhar processos de acordo com a expectativa da comunidade

3- Revolução Tecnológica visando a redução de custos para gerenciar o modelo

MITO PEFRON OU ENAFRON

   O Pefron ( Polícia Especializada de Fronteira - Veja no site do Ministério da Justiça), hoje tendo transformado em Estratégia Nacional de Fronteira, apresenta para segurança pública novas tendências como o Princípio da Subsidiariedade e comunicação entre defesa nacional e segurança pública, porém o abordo, neste espaço como Mito.

O Mito, apresentado por Roberto Zimmer ( Mitos Organizacionais. Atlas. 1996 ), refere-se a uma constelação de crenças, sentimentos e imagens organizadas ao redor de um tema central, com o fim de auxiliar os indivíduos a confrontarem os desafios capitais da existência, dentre estes desafios estão:
1) a compreensão do mundo de maneira significativa, amenizando a ansiedade;
2) a passagem por estágios da vida.

Mitos coletivos e seus rituais ( incorporação dos mitos ) permitem às sociedades ou grupos passarem pelos diversos estágios de desenvolvimento humano. Fala-se aqui do mito como modelo, pelo qual percepções, sentimentos, pensamentos e ações são codificados e organizados ( FEINSTEIN e KRIPPNER, Mitologia Pessoal: a psicologia evolutiva da self, Cultriz, 1992).

Pefron pode ser descrito como um Mito capaz de estimular percepções, reorganizar ações, impulsionar a transformação no pensamento de políticas públicas das organizações, apesar de não se explicar em si mesmo. Ele traz um avatar poderoso e encantador, o recurso público capaz de alimentar as aspirações em relação ao desenvolvimento eficaz de segurança em fronteira. Evidentemente possui outros elementos que não recebem a mesma visibilidade. Usando pensar de Zimmer, a partir do mito Pefron, permite-se supor que as organizações policiais dos estados passam a se perceberem como entes capazes de se qualificarem e atuarem com eficácia em torno de delitos peculiares a regiões de fronteira de forma conjunta com instituições federais, potencializado as competências.
Repercute ,ainda, a identificação de crises normais nestas passagens de fases naturais ao desenvolvimento e relacionadas aos mitos. Uma das crises analisadas é o fato da estagnação. No indivíduo isto é identificado quando o desenvolvimento físico progride, porém o emocional e psicológico permanece fixados em fases anteriores. Nas organizações a falta de maturidade emocional e psicológica repercute em áreas de competência profissional, desde a tomada de decisão até os relacionamentos interpessoais, como consequência podemos ter o insucesso na implementação de programas. Os mitos Organizacionais, pensados de forma positiva, tem função de interpretar o passado e direcionar o futuro; explicar rotinas e procedimentos; diminuir complexidades e instabilidades. Alerta-se, porém : assentar-se sobre mitos pode determinar na limitação de habilidades técnicas e de relacionamento; reduz a capacidade crítica, gera conformidade com regras e valores superados; produz coesão superficial, dificulta sucesso no processo de tomada de decisão.

Acresça-se, para fins de melhor compreender a fase de gestão de políticas públicas a importância de diferenciar-se Política de Segurança de Política Pública de Segurança.  Gomes (2008, p. 44) caracteriza política pública de segurança como um “conjunto, mais ou menos coerente, de decisões e de medidas tomadas pelas instâncias políticas legítimas, cujo objetivo, expressamente definido, é o de fornecer, pela mobilização das instituições de segurança e de outros parceiros públicos e privados, uma resposta efetiva às diversas formas de insegurança induzidas pelo fenômeno da insegurança” . De maneira mais restrita entende-se políticas de segurança pública, de acordo com Oliveira (2002,  p.64), as “atividades tipicamente policiais, é a atuação policial ‘strictu sensu’.”  

O mito Pefron tem o poder de transformação no pensar de gestão pública ..... é uma política de segurança pública, mas não é, ainda, a política pública de segurança em fronteira.

Qual o teu mito?


Referências

GOMES, Paulo Jorge Valente.(2008). Segurança e Reforma Policiais na Europa: O Caso de Portugal, p 37-51. Reflexões sobre Segurança Pública e Justiça Criminal numa Perspectiva Comparada.  Roberto Kant de Lima ... [et al.] organizadores. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
OLIVEIRA,  Ana Sofia Schmidt de.  Das Políticas de Segurança Pública às Políticas de Segurança Pública. São Paulo. Ilanud:2002.