ARTIGO 2 - GESTÃO DE CRIATIVIDADE

  GESTÃO DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO: UMA FERRAMENTA EM SEGURANÇA PÚBLICA


A utilização da gestão de criatividade e inovação em segurança pública pode produzir vantagens competitivas de efeitos internos e externos. É um espaço de experimentação diferenciado na medida em que desafia modelos mentais sedimentados. Caracteriza-se como um modelo de cooperação e envolvimento. Para as lideranças a exigência básica é parar, ouvir e conduzir, ou seja, superar os três carrascos cruéis do administrador público, o tempo, o álibi da falta de recursos e por fim a expectativa das prontíssimas e mágicas “receitas de bolo” para a resolução de problemas em segurança pública.

Um exemplo prático deste modelo ocorre com o Projeto Brigada em Cena (http://brigadaemcena.blogspot.com), já há dois anos. Um trabalho voltado às mais diversas faixas etárias, desde a educação infantil até o público adulto e que no ano de 2010 foi levado a cerca de 4 mil pessoas. Peças como: “Criança Feliz é Criança Segura”, “Pais e Filhos”, “Em Briga de Marido e Mulher, Se der Penha, a Brigada Mete a Colher”, “O Motorista Maluco” e recentemente lançada “Ser Polícia Não é Fácil” ( baseado na Cartilha de atuação policial na proteção de direitos humanos de pessoas em situação de vulnerabilidade do Ministério da Justiça), produto de autoria e direção dos próprios policiais que, voluntariamente, fazem parte do Grupo.

Os efeitos Internos da produção criativa verificam-se de duas formas. Primeira, quando a gestão, desenvolvida pelas chefias e comandos, ocorre pela valorização de ideias do grupo de policiais, potencializando suas competências e habilidades, direcionando-as à produção de ações diferenciadas. Isto repercute na elevação da autoestima e aumento da percepção de pertencimento às decisões voltadas à segurança pública. Outra, a produção de meios que permitam a autocrítica em torno da cultura institucional, sabidamente um elemento de relevância dentro da Organização. Os policiais que se propõem a participar vivenciam sentimentos opostos, que equalizam desde a satisfação até o preconceito dos colegas que não percebem a ação de criação e experimentação como trabalho em polícia. Os efeitos externos são percebidos na inserção de debates em torno de temas importantes em segurança pública e na forma diferenciada da polícia levar, este diálogo, à sua comunidade. Ainda, possibilitar ações efetivas capazes de transformar a realidade social.

Pode a gestão de criatividade, também, gerar a produção de técnicas policiais. Assim, foi lançado o desafio, ao grupo de policiais militares que pertencem à patrulha de fronteira do 4º Batalhão de Polícia de Área de Fronteira (http://4batalhaodefronteirasantarosa.blogspot.com) para produzirem uma cartilha de procedimentos para o trabalho policial em área de fronteira. Este material está em desenvolvimento e abrange a ação conjunta da área de inteligência e operações. Mas já produz percepções interessantes como o dispositivo de controle da iluminação traseira das viaturas, este controle elimina o acionamento da luz de freio quando o veículo, à noite, precisa realizar a observação discreta em área descampada e que com o acionamento das luzes poderia denunciar a presença da polícia.

O pensamento lateral, relacionado à atitude criativa, possui uma estreita relação com a complexidade da segurança pública, seja pela sua multidimensionalidade, pelas exigências sociais ou pela necessidade de novas tecnologias, dentre outras. Porém, apresenta condicionantes não tão pacíficas na gestão de políticas de segurança como autonomia, suporte institucional à criação e aceitação das diferenças de pensamento.



Citar como

Campos, Sérgio Flores. GESTÃO DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO: UMA FERRAMENTA EM SEGURANÇA PÚBLICA. Disponível em  http://fronteirasetransformacoes.blogspot.com/