sábado, 4 de junho de 2011

MITO PEFRON OU ENAFRON

   O Pefron ( Polícia Especializada de Fronteira - Veja no site do Ministério da Justiça), hoje tendo transformado em Estratégia Nacional de Fronteira, apresenta para segurança pública novas tendências como o Princípio da Subsidiariedade e comunicação entre defesa nacional e segurança pública, porém o abordo, neste espaço como Mito.

O Mito, apresentado por Roberto Zimmer ( Mitos Organizacionais. Atlas. 1996 ), refere-se a uma constelação de crenças, sentimentos e imagens organizadas ao redor de um tema central, com o fim de auxiliar os indivíduos a confrontarem os desafios capitais da existência, dentre estes desafios estão:
1) a compreensão do mundo de maneira significativa, amenizando a ansiedade;
2) a passagem por estágios da vida.

Mitos coletivos e seus rituais ( incorporação dos mitos ) permitem às sociedades ou grupos passarem pelos diversos estágios de desenvolvimento humano. Fala-se aqui do mito como modelo, pelo qual percepções, sentimentos, pensamentos e ações são codificados e organizados ( FEINSTEIN e KRIPPNER, Mitologia Pessoal: a psicologia evolutiva da self, Cultriz, 1992).

Pefron pode ser descrito como um Mito capaz de estimular percepções, reorganizar ações, impulsionar a transformação no pensamento de políticas públicas das organizações, apesar de não se explicar em si mesmo. Ele traz um avatar poderoso e encantador, o recurso público capaz de alimentar as aspirações em relação ao desenvolvimento eficaz de segurança em fronteira. Evidentemente possui outros elementos que não recebem a mesma visibilidade. Usando pensar de Zimmer, a partir do mito Pefron, permite-se supor que as organizações policiais dos estados passam a se perceberem como entes capazes de se qualificarem e atuarem com eficácia em torno de delitos peculiares a regiões de fronteira de forma conjunta com instituições federais, potencializado as competências.
Repercute ,ainda, a identificação de crises normais nestas passagens de fases naturais ao desenvolvimento e relacionadas aos mitos. Uma das crises analisadas é o fato da estagnação. No indivíduo isto é identificado quando o desenvolvimento físico progride, porém o emocional e psicológico permanece fixados em fases anteriores. Nas organizações a falta de maturidade emocional e psicológica repercute em áreas de competência profissional, desde a tomada de decisão até os relacionamentos interpessoais, como consequência podemos ter o insucesso na implementação de programas. Os mitos Organizacionais, pensados de forma positiva, tem função de interpretar o passado e direcionar o futuro; explicar rotinas e procedimentos; diminuir complexidades e instabilidades. Alerta-se, porém : assentar-se sobre mitos pode determinar na limitação de habilidades técnicas e de relacionamento; reduz a capacidade crítica, gera conformidade com regras e valores superados; produz coesão superficial, dificulta sucesso no processo de tomada de decisão.

Acresça-se, para fins de melhor compreender a fase de gestão de políticas públicas a importância de diferenciar-se Política de Segurança de Política Pública de Segurança.  Gomes (2008, p. 44) caracteriza política pública de segurança como um “conjunto, mais ou menos coerente, de decisões e de medidas tomadas pelas instâncias políticas legítimas, cujo objetivo, expressamente definido, é o de fornecer, pela mobilização das instituições de segurança e de outros parceiros públicos e privados, uma resposta efetiva às diversas formas de insegurança induzidas pelo fenômeno da insegurança” . De maneira mais restrita entende-se políticas de segurança pública, de acordo com Oliveira (2002,  p.64), as “atividades tipicamente policiais, é a atuação policial ‘strictu sensu’.”  

O mito Pefron tem o poder de transformação no pensar de gestão pública ..... é uma política de segurança pública, mas não é, ainda, a política pública de segurança em fronteira.

Qual o teu mito?


Referências

GOMES, Paulo Jorge Valente.(2008). Segurança e Reforma Policiais na Europa: O Caso de Portugal, p 37-51. Reflexões sobre Segurança Pública e Justiça Criminal numa Perspectiva Comparada.  Roberto Kant de Lima ... [et al.] organizadores. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
OLIVEIRA,  Ana Sofia Schmidt de.  Das Políticas de Segurança Pública às Políticas de Segurança Pública. São Paulo. Ilanud:2002.

2 comentários:

  1. Eu fico pensando todos os milhoes que foram investidos nesse projeto PEFRON, todos os profissionais mobilizados, treinamentos e equipamentos, e me indgno em saber que os crimes nas fronteiras estão aumentando o povo clamando por segurança nas fronteiras e o governo? porque não tira esse projeto do papel e põe pra funcionar? é o nosso dinheiro que está parado!

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  2. J RAMOS

    Quando apareceu o PEFRON, foi maravilhoso finalmente nos da segurança publica nos estados que fazem fronteiras com outros paises finalmente iriamos pode combater os crimes praticados em nossas fronteira (dever da PF), amigos nós vivemos no Brasil e somos comandados "politicos" o PEFRON virou ENAFRON e o treinamento que fizemos não valeu de nada, os recursos para as bases se foram e ninguem fala ou nos dá uma explicação! e mais uma vez o sonho de combatermos o crime com qualidade no é tirado!! salvem-se quem puder!!!

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